segunda-feira, 5 de março de 2012

Romeo&Juliet (1968)

Para quem me conhece, não é novidade meu fascínio sobre a literatura estrangeira, sobretudo as obras de William Shakespeare. Tenho predileção pela dramaturgia shakespeariana, embora as comédias também me atraiam em menor cadência.

Como não podia deixar de ser, Romeu e Julieta, os amantes de Verona, encantaram-me ao primeiro contato, nas aulas de filosofia do ensino médio. Lembro-me como se fosse ontem, meu amado mestre André Rotta, recitando trechos da obra, os quais clamava à sua dama quando mais jovens. Meus olhos brilhavam de admiração pela beleza das composições e, é claro, pela ousadia de um professor de ensino médio recitar tais poesias numa classe repleta de alunos escarnecedores.

O canal TCM, famoso pela apresentação de filmes clássicos, lançou a "semana dos namorados", juntamente com o quadro "Éramos muito jovens" no mês de fevereiro. Entre tantos filmes e séries consagrados, na minha opinião, o maior destaque foi Romeu e Julieta (1968), dirigido magistralmente por Franco Zeffirelli. Uma obra-prima do cinema, ganhador de 2 Oscars e mais 14 premiações, é embriagante do início ao fim. O cenário maravilhoso de campos e vilas remonta a Itália do século XVI, bem como o figurino apurado dos personagens. Sem dúvida, a atuação dos protagonistas Leonard Whiting (Romeu) e Olivia Hussey (Julieta) impressiona pela realidade conferida aos atos, aos olhares, às palavras doces proferidas pelos jovens.


A história, por si só, é belíssima, e a conotação romântica indiscutível. Em certo ponto, as lágrimas são inevitáveis. Talvez o mais fascinante desta obra, seja a capacidade que tem de fazer o público ingressar na pele das personagens, viver aquela realidade, naquele momento, como se a vida real fosse mero detalhe mediante tamanho amor.

Sim, identificar-se é maravilhoso. Quando os olhares dos jovens distintos se encontram na multidão do baile de máscaras, a familiariedade é intensa demais para ser ignorada. Existe algum apaixonado que nunca experimentou aquela sensação? Olhos que brilham ao encontrar a pessoa amada. Ou ainda a felicidade que sentimos ao perceber que fazemos os olhos de alguém reluzirem desta maneira... é indescritível.

As músicas tema, ambas de mesma melodia e diferente letra, encaixam-se na trama, na medida em que mergulham o espectador na melancolia da história. "What is a Youth" e "A Time for Us" conferem ao filme ares de tristeza e esperança. Tristeza pelo relacionamento tolhido pelo ódio sem fundamento entre os Capuleto e os Montecchio, e esperança pelo amor perpétuo entre os jovens venezianos. Romeu e Julieta nos mostram que qualquer amor pode prosperar, desde que tenhamos coragem para assumir nossos sentimentos.



"What is a youth? Impetuous fire.
What is a maid? Ice and desire. The world wags on."


"A time for us, at last to see
When chains are torn, by courage born of a love that's free."



"Prodigioso é o nascimento do amor, para que deva amar meu inimigo abominado!"

Dizendo isso, Julieta reconhece o poder que os sentimentos têm de atingir o inatingível, de unir os inimigos jurados, de transformar o ódio em fé. A leitura da obra é altamente recomendada, e o tema parece ser mais atual do que nunca, já que vivemos em um período conturbado, em que todos competem contra todos e reina a desarmonia. O filme é fantástico e já entrou para minha lista de favoritos. Contudo, é um filme complexo, que demanda tempo e vontade para compreender os mínimos detalhes, desde a belíssima poesia até os atos cativantes.

O encontro das mãos é, certamente, a cena mais marcante da película.



Romeo:
If I profane with my unworthiest hand
This holy shrine, the gentle sin is this:
My lips, two blushing pilgrims ready stand
To smooth that rough touch with a
tender kiss.
Juliet:
Good pilgrim, you do wrong your
hand too much,
Which mannerly devotion shows
in this;
For saints have hands that pilgrims'
hands do touch,
And palm to palm is holy

palmers' kiss.



E que algum dia, todos os amores sejam verdadeiros.

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