Como não podia deixar de ser, Romeu e Julieta, os amantes de Verona, encantaram-me ao primeiro contato, nas aulas de filosofia do ensino médio. Lembro-me como se fosse ontem, meu amado mestre André Rotta, recitando trechos da obra, os quais clamava à sua dama quando mais jovens. Meus olhos brilhavam de admiração pela beleza das composições e, é claro, pela ousadia de um professor de ensino médio recitar tais poesias numa classe repleta de alunos escarnecedores.
O canal TCM, famoso pela apresentação de filmes clássicos, lançou a "semana dos namorados", juntamente com o quadro "Éramos muito jovens" no mês de fevereiro. Entre tantos filmes e séries consagrados, na minha opinião, o maior destaque foi Romeu e Julieta (1968), dirigido magistralmente por Franco Zeffirelli. Uma obra-prima do cinema, ganhador de 2 Oscars e mais 14 premiações, é embriagante do início ao fim. O cenário maravilhoso de campos e vilas remonta a Itália do século XVI, bem como o figurino apurado dos personagens. Sem dúvida, a atuação dos protagonistas Leonard Whiting (Romeu) e Olivia Hussey (Julieta) impressiona pela realidade conferida aos atos, aos olhares, às palavras doces proferidas pelos jovens.
A história, por si só, é belíssima, e a conotação romântica indiscutível. Em certo ponto, as lágrimas são inevitáveis. Talvez o mais fascinante desta obra, seja a capacidade que tem de fazer o público ingressar na pele das personagens, viver aquela realidade, naquele momento, como se a vida real fosse mero detalhe mediante tamanho amor.
Sim, identificar-se é maravilhoso. Quando os olhares dos jovens distintos se encontram na multidão do baile de máscaras, a familiariedade é intensa demais para ser ignorada. Existe algum apaixonado que nunca experimentou aquela sensação? Olhos que brilham ao encontrar a pessoa amada. Ou ainda a felicidade que sentimos ao perceber que fazemos os olhos de alguém reluzirem desta maneira... é indescritível.
"What is a youth? Impetuous fire.
What is a maid? Ice and desire. The world wags on."
"A time for us, at last to see
When chains are torn, by courage born of a love that's free."
"Prodigioso é o nascimento do amor, para que deva amar meu inimigo abominado!"
Dizendo isso, Julieta reconhece o poder que os sentimentos têm de atingir o inatingível, de unir os inimigos jurados, de transformar o ódio em fé. A leitura da obra é altamente recomendada, e o tema parece ser mais atual do que nunca, já que vivemos em um período conturbado, em que todos competem contra todos e reina a desarmonia. O filme é fantástico e já entrou para minha lista de favoritos. Contudo, é um filme complexo, que demanda tempo e vontade para compreender os mínimos detalhes, desde a belíssima poesia até os atos cativantes.
O encontro das mãos é, certamente, a cena mais marcante da película.
Romeo:
If I profane with my unworthiest hand
This holy shrine, the gentle sin is this:
My lips, two blushing pilgrims ready stand
To smooth that rough touch with a
tender kiss.
If I profane with my unworthiest hand
This holy shrine, the gentle sin is this:
My lips, two blushing pilgrims ready stand
To smooth that rough touch with a
tender kiss.
Juliet:
Good pilgrim, you do wrong your
hand too much,
Which mannerly devotion shows in this;
For saints have hands that pilgrims'
hands do touch,
And palm to palm is holy
palmers' kiss.
Good pilgrim, you do wrong your
hand too much,
Which mannerly devotion shows in this;
For saints have hands that pilgrims'
hands do touch,
And palm to palm is holy
palmers' kiss.
E que algum dia, todos os amores sejam verdadeiros.
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